Pesquisadores da Universidade de Reading na Inglaterra, criaram um robô que é exclusivamente operado por um cérebro biológico. O cérebro é uma cultura de neurônios de ratos colocada numa malha em formato de disco com cerca de 60 eletrodos. Os eletrodos captam sinais dos neurônios que então são utilizados para comandar o movimento do robô. E quando o robô se aproxima de um objeto, sinais são enviados para os eletrodos para excitar os neurônios. O robô não utiliza nenhuma outra fonte de comando, seja de um computador externo ou humano. No momento, os pesquisadores estão brincando com a invenção, vendo se ele pode aprender e memorizar. Daqui a dois dias sairá uma matéria na New Scientist sobre o robô, batizado de Gordon.
Pesquisadores criam robô com cérebro biológico
Interfaces de sistemas biológicos com máquinas não é uma completa novidade, no entanto. Em 1952, Alan Hodgkin e Andrew Huxley descreveram o primeiro modelo matemático da sinapse do neurônio (mais precisamente, do potencial de ação dos canais de íons de sódio e potássio). Eles receberam o Prêmio Nobel de Medicina pelo trabalho. O modelo de Hodgkin-Huxley, como veio a ser chamado, é um sistema dinâmico, um conjunto de equações diferenciais ordinárias não-lineares acopladas, que apresenta caos. Com o modelo de Hodgkin-Huxley, já havia sido idealizada e realizada a comunicação de neurônios reais com neurônios simulados em computadores: quer dizer, neurônios de um animal são acoplados a eletrodos que respondem de acordo com as equações de Hodgkin-Huxley, sendo estas simuladas em um computador. Não sei se o corpo de Gordon responde supondo que está se comunicando com neurônios que podem ser descritos por um modelo de Hodgkin-Huxley (uma versão atualizada do modelo!), mas não ficaria surpreso se o princípio de funcionamento do robô seja exatamente esse.
No Brasil, inclusive, há um grupo de pesquisa no Instituto de Física da Universidade de São Paulo com experimentos desse tipo, liderados pelo Prof. Dr. Reynaldo Pinto, que é a pessoa certa para comentar sobre o experimento da Universidade de Reading. O grupo da USP colabora com um outro grupo similar na Universidade da Califórnia em São Diego (UCSD), no Institute for Nonlinear Science. O grupo da UCSD já havia construído circuitos híbridos de neurônios biológicos de lagostas com modelos matemáticos simulados por computador no ano 2000.
Mais também na Folha de S. Paulo.
Atualização: 15/08, embora a revista da New Scientist ainda esteja por ser impressa, a matéria já está disponível online. Vale a pena dar uma olhada na matéria da New Scientist, pois contém um vídeo mostrando como o robô se comporta.
quinta-feira, 14 de agosto de 2008 | Postado por Leonardo Motta às 20:07
Marcadores: neurociência, tecnologia
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